NOVOS SISTEMAS VISUAIS:

Fotografia, História em Quadrinhos e Cinema

FOTOGRAFIA

Conseguir reproduzir imagens idênticas às reais sempre foi uma antiga aspiração artística, mas a primeira grande revolução veio somente com a fotografia em 1839, que permite reproduzir a realidade por meios óticos e químicos.

A fotografia não produziu a morte da pintura, como alguns previram, mas desde o principio afetou decisivamente a criação plástica

A fotografia contribui para reforçar a importância da luz na visão e a seleção detalhista do motivo artístico, como se reconhece nos pintores realistas.

Mais tarde a fotografia instantânea convida à reflexão sobre a casualidade, a fugacidade e o dinamismo.

Fator que merece destaque.é o seu uso como documento: guerras, tragédias,registros estes que marcam profundamente nossa sensibilidade e percepção da realidade.

Holocausto-Hiroshima-Nagasaki

A primeira fotografia reconhecida é uma imagem produzida em 1826 por Nicéphore Niépce numa placa de estanho coberta com um derivado de petróleo chamado betume da Judeia. Foi produzida com uma câmera, sendo exigidas cerca de oito horas de exposição à luz solar

                                      

Primeira fotografia, feita por Joseph Nicéphore Niépce, em 1826 na França

Fotografia em preto e branco

A fotografia nasceu em preto e branco,

ou melhor, preto sobre o branco

Marc Ferrez ( 1843- 1923 ) foi um dos mais importantes fotógrafos do Brasil. Retratou cenas do final do Império e do início da República; introduziu o flash de magnésio. Tinha predileção pela paisagem.

Marc Ferrez foi o único profissional de fotografia que recebeu o título de "Photographo da Marinha Imperial", em 1880.

Ele trouxe diversas inovações tecnológicas, entre elas, introduziu no mercado as primeiras chapas secas dos irmãos Lumière, foi o primeiro a utilizar o flash de magnésio, que usou para fotografar as minas da região de Morro Velho em Minas Gerais, produziu as maiores chapas coloidais panorâmicas do mundo, com 40 cm por 120 cm, retratando paisagens brasileiras, em 1881.

Apesar de adotar mais a temática da paisagem, foi também um importante retratista, incluindo aí, fotos dos membros da família imperial brasileira, pois em 1886, realizou uma série de retratos da Princesa Isabel no Palácio das Laranjeiras.

Entre as suas publicações se encontra o Álbum da Avenida Central, onde retratou a impressionante construção da atual Avenida Rio Branco, na época chamada "Avenida Central" no Rio de Janeiro, entre 1903 e 1906.

Marc Ferrez estendeu seu interesse também ao cinema e abriu, em 1907, o cinema Pathé, na cidade do Rio de Janeiro.

Av Rio Branco

Fotografia colorida

A fotografia colorida foi explorada durante os anos de 1800. 0s experimentos iniciais em cores não puderam fixar a fotografia nem prevenir a cor de enfraquecimento. A primeira fotografia colorida permanente foi tirada em 1861 pelo  físico James Clerk Maxwell

Primeira fotografia colorida

Fotografia digital

A fotografia tradicional era um fardo considerável para os fotógrafos que trabalhavam em localidades distantes (como correspondentes de órgãos de imprensa) sem acesso às instalações de produção. Com o aumento da competição com a televisão, houve um aumento de pressão para transferir imagens aos jornais mais rapidamente. Fotógrafos em localidades remotas carregariam um mini laboratório fotográfico com eles, e alguns meios de transmitir suas imagens pela linha telefônica. Em 1990, a Kodak lançou o DCS 100, a primeira câmera digital comercialmente disponível. Seu custo impediu o uso em fotojornalismo e em aplicações profissionais, mas a fotografia digital nasceu.

Em 10 anos, as câmeras digitais se tornaram produtos de consumo, e estão provavelmente substituindo gradualmente suas equivalentes tradicionais em muitas aplicações, pois o preço dos componentes eletrônicos cai e a qualidade da imagem melhora.


Álbuns Virtuais

Com a popularização da fotografia digital, surgiram páginas da internet especializadas em armazenar fotografias. Desse modo, suas imagens podem ser vistas por qualquer pessoa do planeta que acesse a rede. Elas ficam organizadas por pastas e podem ser separadas por assuntos a livre escolha.

Os álbuns virtuais podem ser usados com vários propósitos, abaixo estão listados alguns exemplos destes:

• Portfólio: Muito usado por fotógrafos amadores/profissionais para mostrarem seus trabalhos.
• Armazenamento: Quem não deseja ocupar espaço em seu HD pode usar o álbum para armazenar suas fotografias.
• Negócios: Outros usam os álbuns para vender seus trabalhos fotográficos.

Fotografias como artes

Uma nova linguagem 

A fotografia pode ser considerada uma forma de arte? Essa foi uma discussão que houve no início da história da fotografia. Para muitos críticos, a resposta era não, já que a arte deveria ser única e a fotografia era copiável.
Superada a questão, grandes nomes surgiram e fizeram da fotografia uma das mais importantes manifestações artísticas da humanidade. 

Alguns desses artistas

Man Ray

Um dos artistas mais importantes dos movimentos de vanguarda européia no início do século 20. Começou a trabalhar como fotógrafo para financiar seu trabalho como pintor. Desenvolveu a raiografia, posteriormente chamada de fotograma, criando imagens abstratas, sem a utilização da câmera, expondo à luz objetos previamente dispostos sobre o papel fotográfico.

Man Ray, Les champs délicieux 1, 

fotograma, 1922

Andy Warhol
Pintor e cineasta, considerado o criador do movimento conhecido como pop art, fez uso da linguagem fotográfica nos anos 60 e 70. Era um questionador da mídia, que, ao mesmo tempo, reproduzia e criava ícones, mitos e celebridades. Seus retratos, conhecidos como polaróides, são uma crítica divertida ao sistema e às discussões sobre arte e fotografia.

Andy Warhol, Marilyn
turquesa, 1964

Cinemagraphs

A fotógrafa novaiorquina Jamie Beck mudou totalmente o conceito de GIFs animados ao criar uma respeitada forma de arte, apresentando fotos extremamente impressionantes.

Os GIFs animados são famosos na internet. Entretanto, a grande maioria tem caráter humorístico e não guarda grandes preocupações com a qualidade das imagens.

O que Jamie faz é exatamente o contrário. As imagens possuem incrível realismo e chama atenção pelos detalhes.

Batizadas como “cinemagraphs”, ela busca não esgotar as possibilidades de uma imagem. Esta realmente parece ser a chave para criar uma arte respeitável.

Foto, Memória e Afeto

Fazer fotografia não é apenas apertar o disparador. Tem de haver sensibilidade, registrando um momento único, singular. O fotógrafo recria o mundo externo através da realidade estética

Em um mundo dominado pela comunicação visual, a fotografia só vem para acrescentar.                      
Cabe ao observador interpretar a imagem, acrescentar a ela seu repertório e sentimento.

A foto faz que as pessoas lembrem do seu passado e que fiquem conscientes de quem são. O conhecimento do real e a essência de identidade individual dependem da memória.                                                        
A memória vincula o passado ao presente, ela ajuda a representar o que ocorreu no tempo, porque unindo o antes com o agora temos a capacidade de ver a transformação e de alguma maneira decifrar o que virá.

A fotografia captura um instante, põe em evidência um momento, ou seja, o tempo que não pára de correr e de ter transformações. Ao olhar uma fotografia é importante valorizar o salto entre o momento em que o objeto foi clicado e o presente em que se contempla a imagem, porém a ocasião fotografada é capaz de conter o antes e depois.

Confia-se, portanto, na capacidade da câmera fotográfica para guardar os instantes que se consideram valiosos. Tirar fotografias ajuda a combater o nada, o esquecimento. Para recordar é necessário reter certos fragmentos da experiência e esquecer o resto. São mais os instantes que se perdem que os que podemos conservar. Segundo Strelczenia (2001),
 "A memória se premia recordando, fazendo memorável; se castiga com o esquecimento ".

Fotografa-se para recordar, porque os acontecimentos terminam e as fotografias permanecem, porém não sabemos se esses momentos foram significativos em si mesmos ou se tornaram memoráveis por terem sido fotografados.
A memória é constitutiva da condição humana: desde sempre o homem tem se ocupado em produzir sinais que permaneçam mais além do futuro, que sirvam de marca da própria existência e que lhe dêem sentido. A fotografia traz consigo mais daquilo do que se vê. Ela não somente capta imagens do mundo, mas pode registrar o "gesto revelador, a expressão que tudo resume, a vida que o movimento acompanha, mas que uma imagem rígida destrói ao seccionar o tempo, se não escolhemos a fração essencial imperceptível" (CORTÁZAR, 1986,p. 30)

• "Fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração"                                                                                                  (Henri Cartier Bresson)

• "A fotografia representa um papel importantíssimo no desenvolvimento da arte"                                                                                                  (Gustave Le Gray)

• "Qual minha fotografia preferida? A que irei realizar amanhã."                                                                                                 (Imogen Cunningham)

• "A semelhança da música, a fotografia é uma arte universal falando também com mais força e de modo mais direto que as palavras." (MB)

• "Por causa da composição, a fotografia é uma obra de arte. Fotografar é desenhar, utilizando a luz como pincel, a natureza como tinta e o filme como tela, podendo assim imortalizar aquela imagem ou momento escolhido, enquanto o mundo segue em contínua mutação."                                                                                             (Octávio Paz)

• "Fotografar é imortalizar um momento único, ao qual não se poderá mais voltar, senão através daquele registro. Nada mais que um simples clique, um momento, um único e eterno registro." (desconheço o autor)

HISTÓRIA EM QUADRINHOS

Os quadrinhos começaram a desenvolver-se nos EUA com o famoso Mickey Mouse criado por Walt Disney.

As histórias em quadrinhos começaram no Brasil no século XIX, adotando um estilo satírico conhecido como cartuns, charges ou caricaturas e que depois se estabeleceria com as populares tiras.

História em quadrinhos tem o objetivo de entreter (cômico), de passar um moral (ensinamento), de fazer uma crítica (sátira), etc.
Desenvolve a escrita, o sentido de coerência pela associação da imagem (cena) com o diálogo, a coordenação, a criatividade, o gosto pela leitura e produção de texto

CARICATURA

Caricatura é um desenho de um personagem da vida real, tal como políticos e artistas. Porém, a caricatura enfatiza e exagera as características da pessoa de uma forma humorística, assim como em algumas circunstâncias acentua gestos, vícios e hábitos particulares em cada indivíduo.

Historicamente a palavra caricatura vem do italiano caricare (carregar, no sentido de exagerar, aumentar algo em proporção).

A caricatura é a "mãe" do expressionismo, onde o artista desvenda as impressões que a índole e a alma deixaram na face da pessoa.

A distorção e o uso de poucos traços são comuns na caricatura. Diz-se que uma boa caricatura pode ainda captar aspectos da personalidade de uma pessoa através do jogo com as formas. É comum sua utilização nas sátiras políticas; às vezes, esse termo pode ainda ser usado como sinônimo de grotesco (a imaginação do artista é priorizada em relação aos aspectos naturais) ou burlesco.

                               

CINEMA

Antes que um filme seja assistido pela platéia numa sala escura, um processo longo e complexo desenrola-se.

Primeiro escreve-se um roteiro. Em seguida selecionam-se um diretor e os atores, montam-se cenários, produzem-se figurinos.

As cenas são então filmadas, sendo mais tarde filmadas em uma ilha de edição.

Filme pronto, ele é enfim distribuído para as salas por uma produtora.

Assim, se não há como negar que o cinema seja uma forma de arte, também não há duvida de que seja arte coletiva.

Os irmãos franceses Lumiere, realizaram a primeira projeção pública de imagens em movimento com o cinematógrafo, um aparelho movido a manivela.

Daí ficou o nome cinema, originário da palavra grega com Kino que significa movimento.

Inicialmente, eram exibidos pequenos filmes que documentavam a vida cotidiana e as mudanças que ocorriam na época.

Um dos filmes exibidos pelos irmãos Lumiere chama-se "A chegada do trem a estação Ciotat ".

Por alguns anos foi tido como entretenimento barato, com exibições em grandes armazéns, voltadas para os operários da cidade. Entretanto, não demorou muito para que fosse percebido seu potencial comunicativo e artístico e se tornar-se uma das mais abrangentes e expressivas manifestações do mundo moderno.

Assim como acontece com todas as outras áreas do conhecimento humano, também a arte é influenciada diretamente pelo surgimento de novas tecnologias, Diferentes invento e descobertas interferem no modo como os artistas se manifesta, muitas vezes, fazendo até com que mudem o meio pelo qual realizam sua arte.

O cinema foi um desses inventos que, mais do que influenciar o modo de produção de uma arte, transformou-se em uma nova. O desejo humano de captar a realidade visível e seu movimento sempre existiu. Com a invenção da fotografia, na primeira metade do século XIX, abriu-se a possibilidade de captar cenas com realismo e algumas décadas depois, foi possível coloca-las em movimento.
Várias pessoas contribuíram para o surgimento do cinema, pois pesquisavam ao mesmo tempo uma forma de colocar os quadros do filme fotofráfico em sequência, gerando a ilusão de movimento. O mérito histórico porém, coube, aos irmãos franceses Lumière.

Em 1911, surgia o primeiro estúdio cinematográfico em Hollywood e, 30 anos depois de seu surgimento, o cinema, que até então era mudo ganharia som. Por causa de uma classificação que incluía a música a dança a pintura a escultura, a literatura e o teatro como as seis artes, o cinema foi apelidado de A SÉTIMA ARTE

Assista ao filme: A Chegada do Trem à Estação Ciotat

A sensação de movimento de um filme é gerada pela sequência muito rápida de várias imagens fotográficas. O mesmo princípio foi utilizado para criar desenhos animados, nos quais em vez de fotografias, são vários desenhos que se sucedem. Essa técnica de animação manual ficou conhecida como "quadro a quadro, e foi uma das primeiras técnicas usadas para ''animar" as imagens nos desenhos.

A ARTE E NOVAS TECNOLOGIAS

Por volta de década de 1960, muitos artistas se interessaram em explorar recursos menos convencionais às suas áreas na criação de suas obras.
A utilização de vídeos, copiadoras, computadores e sintetizadores sonoros resultou em uma arte pouco parecida com o que se conhecia até então.
Sabemos que a aproximação dos artistas com esses equipamentos gerou diferentes diálogos entre arte e novas tecnologias. Entre eles, o desejo de misturar antigos conhecimentos com novidades científicas.

Uma das tecnologias usadas pelos artistas são os programas de computador e a internet.

O bailarino e coreógrafo Merce Cunningham, foi um dos primeiros artistas da história da dança a utilizar novas tecnologias.

ARTE TECNOLÓGICA E CRÍTICA

A velocidade das mudanças ocorridas nos últimos tempos como consequência das inovações tecnológicas, tornou-se um assunto recorrente nas obras artísticas de nossa época.
Os artistas, além do uso dessas inovações para aprimorar seus trabalhos, também problematizam o tipo de aproveitamento desses recursos pela sociedade.
No evento Emoção Art.ficial, no espaço Itaú cultural, em São Paulo, artistas de todo mundo trocam experiências sobre novas maneiras de se fazer arte com o uso da ciência e tecnologia.

Na versão de 2004 , intitulada Divergências Tecnológicas, foram discutidos os impactos causados pelo uso das tecnologias no planeta.

O artista espanhol Antoni Muntadas apresentou, nesse evento, a obra On Translation: EL Aplauso.

Três telas de DVD de grande porte foram instaladas em um dos ambientes onde Emoção Art.ficial 2.0 aconteceu.

Na tela central eram passadas imagens televisivas de acontecimentos desumanos, e nas telas laterais, aplausos, cada vez que havia uma mudança de imagem. O nome dessa obra faz uma referencia às diversas formas de se influenciar o comportamento humano por meio dos aparelhos de comunicação principalmente por TV.

Assista ao vídeo - On Translation: "El Aplauso"

A partir da década de 1950 os aparelhos de TV popularizaram-se entre as famílias, tornado-se o principal veículo de difusão de informações para as massas. O uso desenfreado desse recurso tecnológico para influenciar o consumo e manipular a opinião das pessoas é alvo de muitas críticas e dúvidas sobre seus benefícios até hoje.

http://cantodopincel.blogspot.com.br/2012/04/novos-sistemas-visuais-fotografia.html